Aquele burburinho da antessala do cinema, a pipoca, boas risadas entre amigos e sala lotada. Esse foi o clima que tomou conta do Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, no Centro Histórico de São Luís, na noite desta quarta-feira (03), durante a estreia da mostra de curtas, produzidos por alunos das redes estadual e federal de ensino.
A mostra faz parte do Projeto ‘Ilha em Edição’, desenvolvido pelo Instituto Formação em parceria com o Ifma e a Secretaria de Estado da Educação (Seduc), que mobilizou os estudantes da rede e criou condições para que o projeto acontecesse. O projeto foi financiado pelo Ministério da Cultura.
“O projeto cria oportunidade para adolescentes e jovens estudantes falarem sobre suas realidades por meio do audiovisual. É como se o audiovisual fosse uma ferramenta lúdica para convidá-los a falar de temas que eles acham importantes na sua realidade, e não têm voz pra falar em outros meios de comunicação. E foi de uma riqueza muito grande ter esses alunos envolvidos no projeto, produzindo, questionando, opinando, enfim, sendo protagonistas”, explicou Fábio Cabral, coordenador das Incubadoras de Artes, Mídias e Tecnologias do Instituto Formação.
Participaram do projeto alunos do C.E. Bernardo Coelho Almeida, C.E. João Francisco Lisboa (Cejol), Núcleo de Altas Habilidades e Liceu Maranhense, todas, escolas da rede estadual de ensino.
Com o projeto, os alunos tiveram a oportunidade de fazer cursos de roteiro, produção de cinema, direção, de formação de atores e de produção de documentário. Nos cursos de 70 horas, eles puderam ver desde a construção dos roteiros, passando por cenários, figurinos, definição de locação para filmagens, enfim, tudo o que envolve a produção de um filme e de um documentário, para que eles pudessem contar suas histórias dentro da linguagem cinematográfica.
Nos filmes e documentários, os estudantes falaram sobre temas importantes como violência contra a juventude, contra a mulher, o direito de ir vir no centro histórico, preconceito, assédio sexual contra mulher, intolerância, assuntos pertinentes no dia a dia da sociedade atual. No total, foram produzidos quatro filmes curta metragem e três documentários, também, curta metragem.
“Nossa, está sendo muito especial ‘pra’ nós. É uma estreia, é importante ‘pra’ gente estar mostrando o que produziu. Eu tive a oportunidade de atuar como atriz interpretando um menino transexual que por isso foi expulso de casa pelo pai, e além de atuar, estive por trás das câmeras. Foi muito rico e desafiador”, disse Jaqueline Silva, estudante do 3º ano do Liceu Maranhense, que no filme ‘Filtros’ interpretou Ricardo, um adolescente que viveu o dilema da descoberta de ser homossexual e mais tarde, na fase adulta, ser uma mulher transexual, que enfrentou o preconceito dentro de casa. A estudante Débora Algave foi roteirista do filme, que abordou ainda, a questão dos transplantes de órgão.
“Dentro desses dois temas o curta aborda ainda a relação conflituosa entre pai e filha. O bacana é que pra fazer o curta a gente foi pra campo conversar com pessoas que vivenciaram tanto a questão da transexualidade, quanto o drama de precisar de um transplante renal. Ao mesmo, tempo foi maravilhoso, porque pude perceber que aqui em são Luís, tem uma cena de cinema, pessoas que estão produzindo e vivem disso”, disse Débora Algave.
“Foi uma oportunidade muito importante pra a gente de mostrar a nossa capacidade, de colocar os temas que nos incomodam. Foi uma experiência incrível e de muitas descobertas”, disse Luís Gabriel, aluno do Cejol, autor do curta ‘Short Jeans’, que trata da temática do assédio sexual e da violência contra mulher. O filme conta a história de uma jovem atriz que é assediada por um diretor de teatro. Ela encontra nas amigas atrizes a força para denunciar o caso. Durante a peça que encenavam, elas trocam o texto usando os personagens para fazer a denuncia. Foi um dos filmes mais aplaudidos pela plateia.
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Fonte: Seduc
Fotos/Divulgação
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