
A estudante de 17 anos, Ana Clara Barros Almeida, do Centro de Ensino Raimundo Soares da Cunha, em Imperatriz, tem levado o nome da rede pública estadual do Maranhão a feiras científicas do Brasil e do mundo. Com o projeto “O potencial farmacológico do látex da janaúba (Himatanthus drasticus): uma abordagem fitoquímica e reprodutiva na prevenção de abortos espontâneos”, Ana Clara conquistou o 1º lugar na Feira de Ciências, Engenharia e Tecnologia (FECET), em Cascavel (PR), na categoria Ciências da Saúde.
O trabalho também garantiu sua classificação para a Genius Olympiad, em Nova York (EUA), para a Mostratec, em Novo Hamburgo (RS), e para a Feira Nordestina de Ciência e Tecnologia (FENECIT), em Recife (PE), consolidando sua trajetória como uma das jovens cientistas de destaque da rede estadual maranhense.
O objetivo do projeto é compreender melhor as propriedades farmacológicas da janaúba, planta nativa do Nordeste amplamente utilizada na medicina popular, e desenvolver um suplemento natural voltado para mulheres com histórico de abortos espontâneos. A pesquisa alia ciência, valorização dos saberes tradicionais e sustentabilidade, apontando caminhos inovadores e acessíveis para a saúde reprodutiva feminina.
A ideia da investigação surgiu de uma experiência pessoal. Há dois anos, uma amiga próxima da família de Ana Clara sofreu um aborto espontâneo. Em conversa com o marido dessa amiga, natural do interior de Chapadinha (MA), ele relatou a crença popular de que o látex da janaúba teria propriedades antiabortivas. Movida pela curiosidade científica e pela vontade de compreender os fundamentos dessa sabedoria tradicional, Ana Clara viajou até Chapadinha, onde conversou com a comunidade local e realizou a coleta da planta, buscando entender de onde vinha o conhecimento empírico sobre seus efeitos medicinais.
O incentivo à pesquisa científica veio do professor de Química, Carlos Fonseca Sampaio, que desenvolve na escola uma iniciativa voltada à formação de jovens pesquisadores. Segundo ele, o objetivo é estimular os estudantes do ensino médio a acreditarem que podem sonhar e transformar suas ideias em ciência. “Levar alunos da escola pública para realizar sonhos, sonhos que partem da pesquisa científica, é muito prazeroso. Temos um grupo científico constituído por 80% de meninas, o que mostra que sonhar é possível e que estamos transformando a educação no Maranhão”, destacou o professor.
Para Ana Clara, o projeto é mais do que uma conquista pessoal — é uma forma de transformar a realidade de outras mulheres e inspirar meninas a ocuparem o espaço da ciência. “Essa pesquisa traz a mudança na vida de milhares de mulheres ao redor do mundo inteiro e traz a sustentabilidade, porque os processos que temos hoje para esses tratamentos são de alto custo. É importante porque temos a escola pública estadual sendo representada no Brasil e, principalmente, meninas fazendo ciência. Quero servir de inspiração para todas as escolas do estado e, principalmente, para essas meninas”, destacou a jovem pesquisadora.
A gestora-geral do Centro de Ensino Raimundo Soares da Cunha, Maria Auxiliadora Freitas, celebrou o destaque da aluna e a relevância social da pesquisa. “É com grande alegria que nós temos uma estudante se destacando nessa pesquisa, que vem contribuir para a saúde das mulheres na prevenção do aborto. Nós somos uma escola de bairro, e ter uma menina que se destacou na área da pesquisa valoriza muito o quanto as mulheres têm avançado também nessa área. Esperamos que ela tenha muito sucesso e todo o apoio possível para levar essa pesquisa adiante. Quem ganha é a escola Raimundo Soares, a cidade de Imperatriz e o estado do Maranhão.”
A trajetória de Ana Clara é também motivo de orgulho para sua família. A mãe da estudante, Eurimar Barros Almeida, destaca o esforço e a dedicação da filha como resultado de uma educação pública transformadora. “É muito gratificante ver o esforço dela e acompanhar a evolução e os resultados. A Ana sempre foi dedicada e está colhendo os frutos de uma educação pública de qualidade, que investe nos sonhos dos estudantes.”
Neste Dia da Ciência e Tecnologia, a história de Ana Clara Barros Almeida inspira e simboliza o compromisso da rede estadual do Maranhão em promover o protagonismo estudantil, incentivar a pesquisa científica e estimular os estudantes a fazer da ciência um caminho de transformação social.

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