10/10/2015 9:00 pm

9ª FeliS se consagra como espaço da juventude estudantil

Durante uma semana o Centro Histórico de São Luís foi tomado por crianças, adolescentes e jovens que aproveitaram a diversificada programação da 9ª Feira do Livro de São Luís (FeliS). Realizada pela Prefeitura de São Luís, com correalização do Governo do Estado, a Feira do Livro está transformando o Centro Histórico de São Luís em um universo literário e cultural. Cerca de oito mil e quinhentos estudantes de 175 escolas do sistema estadual de ensino ocuparam os espaços da 9ª Felis, em busca de conhecimento e motivados pela troca experiências e compartilhamento de ideias.

A FeliS se transformou num grande espaço para todas as artes que surgem nas escolas, a partir dos livros e da ressignificação dos conteúdos. Quem passou pelo Centro Histórico pôde ver, por exemplo, estudantes ocupando os palcos para encenar peças teatrais baseadas em clássicos da literatura mundial, a exemplo da peça “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare, encenada por estudantes da Escola Manoel Beckman, do bairro Bequimão.

O Auto do Bumba meu boi foi também foi encenado por estudantes da Escola José Justino Pereira, do bairro Jardim América, além de várias outras peças, resultantes de projetos pedagógicos trabalhados nas escolas como forma de dinamizar o conteúdo disciplinar e ainda motivar os estudantes a externarem seus talentos e desenvolverem suas capacidades. “Estamos muito felizes e sem palavras pra dizer o que esse momento significa. Mas, posso dizer que é uma grande oportunidade para nós mostrarmos nosso trabalho”, disse Joanderson Sousa Ferreira, aluno do 2º do José Justino Pereira.

“Nós estamos nos sentindo privilegiados, motivados e valorizados em estar aqui. E acho que ‘valorização’ é o sentimento de toda comunidade escolar que pôde estar aqui”, destacou a professora Lucymeire Lobato Lopes, da escola Justino Pereira.

Os espaços da FeliS também foram tomados por acordes musicais entoados pela juventude estudantil. Bandas de Fanfarra, como a do CE Barjonas Lobão, fizeram cortejos por ruas e becos, entre casarões históricos, levando alegria a milhares de pessoas que visitavam a feira. Estudantes do Liceu Maranhense fizeram a plateia cantar e dançar com um show de MPB, no auditório Seduc.

E a suavidade da flauta doce, tocada pelo pequeno Pablo Lucas, de 11 anos, estudante do Aluízio Azevedo, do bairro São Cristovão, emocionou o público. “Eu fiquei muito emocionado de tocar pra tanta gente e no teatro. Foi legal porque todo mundo aplaudiu”, disse Pablo.

Entusiasmados, também, ficaram professores e estudantes da Escola João Batista Carvalho, do município de Santa Rita, que viajaram 70km até São Luís em busca de conhecimento e novas experiências. Em tour pela FeliS, eles assistiram apresentações culturais estudantis, visitaram os stands de livros, as exposições e assistiram palestras. “Esse passeio pela Feira do Livro é muito importante para despertar o hábito de leitura, ver o novo, mostrar outras possibilidades”, disse Lucilene Nogueira, professora de Biologia.

Lançamentos de livros
O 9º ano do CE Barjonas Lobão lançou o livro ‘São Luís em Poesia e Formas’, uma coletânea de 17 poemas e poesias escritos por 17 estudantes, em homenagem aos 403 anos de São Luís. Já o estudante Marcos Neves da Silva, também do Barjonas, da turma de Eja I C, lançou o livro ‘Vale dos amores’.

Mateus Gonçalves Borges, do Centro de Ensino Professora Joana Batista Dias, escola do sistema estadual de ensino, no município de Cururupu, atravessou a baía de São Marcos para lançar seu livro “Gemidos da Alma”, na FeliS. Na obra composta por 50 poesias, o estudante, de 18 anos, expressa sentimentos como paixão, carinho e amor, também fala sobre família e belezas naturais do município de Cururupu. “É uma oportunidade ímpar, falar à juventude maranhense que, assim como eu, estuda em escola pública. Acho que esse espaço valoriza e dá visibilidade à juventude. Será inesquecível”, ressaltou Mateus.

Emoção foi a sensação experimentada pelos pais, amigos e professores de Alan Vitor, de 11 anos, estudante do Sagarana II, que lançou seu primeiro livro na 9º FeliS. O estudante faz parte do Núcleo de Atividades de alunos com Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S). No livro, intitulado “Poesias do meu caderno amarelo”, a poesia de Alan fala da infância, da vida. “Eu nasci em São Luís, que é uma ilha muito bonita. Só isso já é o suficiente para me inspirar a escrever. Mas, quando eu não ainda não pensava em ser poeta”, ressaltou empolgado. “Queria ser igual ao Mauricio de Souza, que criou a Turma da Mônica”, completou.

Encontro com Mestres
A FeliS, também, abriu espaço para os Mestres que contribuem para a formação dos jovens no sistema estadual de ensino. Na Casa do Professor, foram realizados cinquenta e cinco minicursos, relatos de experiências, rodadas de conversa, palestras, oficinas, mesas redondas e encontros.

“Este espaço possibilitou a ampliação do conhecimento por parte dos professores que frequentaram a FeliS, além de possibilitar a troca de experiências e o acesso a outras referências bibliográficas. Foi uma oportunidade ímpar e uma experiência enriquecedora”, enfatizou a professora Ana Chapoudrin, coordenadora da Macropolítica de Educação da Seduc, que proferiu uma palestra sobre “A proposição do ensino da leitura na formação do pedagogo: relato de experiência da disciplina Linguística e Alfabetização”.

FeliS nas Escolas
A feira saiu do Centro Histórico e foi até as escolas. Por meio da FeliS, nas escolas, foram realizadas atividades de mediação de leitura com a visita de escritores maranhenses a algumas escolas, onde foram realizadas rodas de conversa. Assim, a UI Sagarana II recebeu o escritor Carlos Machado, que conversou com os estudantes sobre o tema ‘Ciência, tecnologia e inovação africana e afrodescendente’.

Estudantes da UI Maria Firmina receberam a escritora carioca Luiza Lobo, que é biógrafa da escritora Maranhense Maria Firmina, primeira escritora negra do Maranhão. E a escritora, Patrona da FeliS, Lurdinha Lacroix, foi conversar com os estudantes da Escola Y Bacanga, no Fumacê. Uma experiência enriquecedora que, tanto os escritores, quanto os estudantes, levaram para a vida toda.

Fotos: Lauro Vasconcelos e Matheus Marques