8/05/2017 11:39 am

Casas de cultura do Maranhão: um encontro com nossa história e raizes

foto felipe camarão nova

Felipe Camarão, Secretário de Estado da Educação

Se passear pelas ruas do Centro Histórico de São Luís, pelas ladeiras e casarões de Alcântara ou em qualquer outro espaço histórico desse rico Maranhão, é como voltar no tempo, visitar as casas de cultura maranhenses é quase um processo de imersão na riqueza e peculiaridade de nossas tradições.

Em 2015, quando assumimos a Secretaria de Estado da Cultura, como secretário e adjunto, uma das primeiras missões a que nos propusemos foi a conhecer todas as 33 casas de cultura sob responsabilidade deste que consideramos um dos principais órgãos responsáveis pela divulgação e fomento da produção cultural e artística de nosso Estado.

Logo em seguida, a Secretaria lançou a plataforma online Circuito de Visita Cultural, onde o cidadão pode agendar ou montar circuitos levando em consideração a proximidade dos espaços, em 18 casas de culturas, presentes em São Luís e em Alcântara. Lugares fantásticos, que preservam a magia de nossa arte, história e cultura, e que proporcionam total imersão em nossas raízes.

Diego Galdino

Diego Galdino, Secretário de Estado da Cultura e Turismo

Em ação mais recente, O Governo do Maranhão, em parceria com o Governo Federal, está realizando obras de reparo e manutenção em muitos desses valorosos endereços, atuando na preservação da nossa memória e oferecendo mais conforto aos turistas e maranhenses que embarcam nessa viagem.

Já reinauguramos a Casa de Cultura Josué Montello, o Convento das Mercês, a Escola de Música do Maranhão e o Centro de Artes Cênicas do Estado. Estão atualmente em obras os Teatros Alcione Nazaré, Arthur Azevedo e João do Vale, o Centro de Criatividade Odylo Costa Filho e o Museu de Artes Visuais. Outras intervenções estão previstas, de forma que cada uma das 33 casas de cultura pertencentes ao Estado passem por melhorias estruturais.

Passando pelo circuito Rua do Sol, é possível apreciar em um imponente casarão o fabuloso Museu Histórico e Artístico do Maranhão, que possui um acervo composto por coleções de numismática, mobiliário, porcelana, cristais, pinturas, esculturas, azulejaria, documentos, fotografias e gravuras. Uma verdadeira exposição de longa duração que reconstitui uma “casa de época” na passagem do século 19 ao 20, ambientada de acordo com descrições dos costumes encontrados em nossa literatura.

Um pouco mais à frente, descendo a Rua do Sol no sentido Praça João Lisboa encontramos o segundo teatro mais antigo do Brasil, o espetacular Teatro Arthur Azevedo, homenagem ao escritor maranhense e importante dramaturgo brasileiro. Construído por comerciantes portugueses no início do século 19 com estilo neoclássico e detalhes do barroco, o teatro possui plateia, salão nobre, camarotes, galerias, varandas, entre inúmeros outros espaços.

Caminhando em direção à beira mar, encontramos na Rua Portugal o Museu Casa de Nhozinho, uma homenagem ao artista popular mestre na talha de buriti, Antônio Bruno Pinto Nogueira, o Nhozinho. O museu funciona em um casarão de quatro andares e reúne um conjunto primoroso de elementos do cotidiano regional, como peças indígenas, utensílios de pesca, carros de bois, teares de rede, vasos de cerâmica, toalhas de buriti, entre muitas outras peças. Um pouco mais à frente, ainda no primoroso Centro Histórico de São Luís, temos a Casa do Maranhão, um amplo casarão neoclássico do século 19, localizado às margens do Rio Anil, que oferece exposições permanentes sobre folclore, lendas, histórias e tradições. Um espaço de manifestação da cultura maranhense nas suas mais variadas formas.

Chegando à Rua Nazareth, encontramos o Arquivo Púbico do Estado do Maranhão, instalado em um casarão do século 19, também no Centro Histórico. O local é o espaço voltado para a preservação e divulgação do acervo documental histórico dos órgãos da administração do estado, sendo, também, espaço de acesso às informações para pesquisas históricas, culturais ou científicas de nosso Estado. Saindo do Arquivo e quebrando à direita na Rua 28 de julho, chegamos ao Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão, que abrange as atividades de pesquisa, divulgação e fomento científico nas áreas de paleontologia, arqueologia e etnologia, com exposições temáticas e ações voltadas para a educação patrimonial e valorização da memória da sociedade maranhense.

Seguindo em direção à Praça Dom Pedro II, ao lado da belíssima Catedral de Nossa Senhora da Vitória, a conhecida Igreja da Sé, está o Museu de Arte Sacra. Seu acervo, que recentemente passou por grande intervenção de conservação e restauração, é composto por uma importante coleção com peças de imaginárias, ourivesaria e paramentos dos séculos 17, 18 e 19 nos estilos maneirista, barroco, rococó e neoclássico. Logo mais à frente, encontramos a sede do Governo do Estado do Maranhão, o imponente Palácio dos Leões, que em espaço aberto à visitação pública tem exposição de obras do séc. 17 ao 20, entre elas, mobiliário, telas, porcelanas, esculturas, pratarias e gravuras.

Saindo do Palácio dos Leões e entrando na Rua da Estrela, passando pela Feira da Praia Grande, Casa das Tulhas, chegamos ao Teatro João do Vale, antigo galpão comercial da Praia Grande, conhecido inicialmente como Teatro Canarinho. Após reforma, hoje abriga as atividades de laboratório do curso de formação de atores do Centro de Artes Cênicas do Maranhão, o Cacem. Palco para os mais variados espetáculos artísticos, o Teatro homenageia em seu nome o grande músico, cantor e compositor maranhense. Saindo do Teatro e dobrando à esquerda na Rua João Vital, subindo em direção à Rua 28 de Julho, avistamos o Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, com a permanente exposição Casa da FÉsta, com temáticas relacionadas a cultos afro brasileiro e afro maranhense, festa do divino, bumba meu boi, tambor de crioula entre outros ritos e folguedos. Possui ainda a Galeria Zelinda Lima para exposições temporárias, uma biblioteca especializada em Cultura Popular, o Bazar do Giz, destinado à divulgação e comercialização da produção artística maranhense.

Voltando pelo mesmo caminho até chegar novamente à Rua da Estrela, seguimos em direção à Rua da Feira da Praia Grande, onde encontramos o Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, um espaço de arte e cultura que há mais de três décadas promove o envolvimento da comunidade com espetáculos e difusão das técnicas do fazer artístico. O Centro dispõe de diversos espaços de cultura e oferece cursos variados nas áreas das artes visuais e artes cênicas.

Vamos em direção ao circuito Desterro, como sugere a plataforma Circuito Cultural, e chegamos ao Convento das Mercês, antigo Convento da Ordem dos Mercedários, construído em 1654. Hoje o local abriga a Fundação da Memória Republicana Brasileira, um importante centro cultural que possui um museu, biblioteca, pinacoteca, sala de restauração e amplo acervo documental. Saindo do Convento e continuando na Rua da Palma, um pouco mais à frente encontramos a Igreja do Desterro, considerada uma das mais antigas igrejas da cidade de São Luís, construída no início do século 17. Destruída pelos holandeses em 1641, foi reedificada. Como a maioria das igrejas antigas da cidade foi reconstruída várias vezes.

Caminhando em direção ao bairro Madre Deus, na Rua São Pantaleão podemos visitar o Centro de Produção Artesanal do Maranhão, o famoso Ceprama, palco de inúmeras festas, como o carnaval e o tradicional São João. O espaço funciona onde antes era a Companhia de Fiação e Tecelagem de Cânhamo, e atualmente abriga diversos estandes que comercializam produtos típicos de nosso estado.

A principal praça da capital maranhense, a Praça Deodoro, abriga a segunda biblioteca mais antiga do País, a Biblioteca Pública Benedito Leite, criada em 1831. Com um acervo de mais de 120.000 exemplares, formado principalmente por obras raras e a mais completa coleção de jornais maranhenses. Uma joia nossa. Seguindo em frente, chegamos à Rua das Hortas e encontramos a Casa de Cultura Josué Montello, que tem acervo bibliográfico, arquivístico e museológico formado em quase sua totalidade por doação do escritor maranhense que dá nome a casa. O espaço destina-se à promoção de estudos, pesquisas e trabalhos nas áreas da literatura, artes, ciências sociais, história, geografia, que contribuem com a preservação da memória e produção artístico-cultural do Estado.

Atravessando a Baía de São Marcos, chegamos ao município de Alcântara, cidade colonial que parece congelada no tempo. Com um belíssimo conjunto arquitetônico, entre construções coloniais e muitas ruinas, a cidade é território do centro de lançamento da Força Aérea Brasileira. Palco da tradicional Festa do Divino, uma das mais conhecidas no Estado, em Alcântara encontramos a Casa do Divino, que anualmente recebe o festejo e mantém exposições do Divino. Seguindo a Rua das Mercês, chegamos à Praça da Matriz que abriga entre diversos casarões históricos, um sobrado colonial onde funciona o Museu Casa Histórica de Alcântara, cujo acervo formado por mobiliário, vidraria de farmácia, alfaias e peças de vestuário, retratam um período de opulência, quando a cidade transformou-se em importante centro produtor de arroz e algodão.

Essas são somente algumas das fabulosas casas de cultura que guardam nossa rica e maravilhosa história. Estão todos convidados a esse passeio e imersão em nossas raízes.

Felipe Camarão
Secretário de Estado da Educação
Presidente da Fundação da Memória Republicana Brasileira
Membro da Academia Ludovicense de Letras
Sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão

Diego Galdino
Secretário de Estado da Cultura e Turismo

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