Fomentar o debate para profissionais da educação do Maranhão sobre os desafios que deverão ser enfrentados quando as medidas de isolamento social forem suspensas, ao fim da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Essa foi a proposta da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) ao promover o webinar “Educação na rede estadual do Maranhão pós-pandemia: reflexões e perspectivas”, na tarde de segunda-feira (4).
Mediado pelo secretário de Estado da Educação, Felipe Camarão, o debate online contou com as exposições da secretária adjunta de Aprendizagem da Seduc, Nadya Dutra; e da coordenadora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Raquel Oliveira.
Ao iniciar o debate, Felipe Camarão reforçou a importância de discussões como essa para encontrar formas de continuar o processo educacional buscando diminuir os impactos que essa repentina interrupção das aulas causará no processo do ensinar e do aprender de todos os agentes que fazem a educação não só no Maranhão, mas no Brasil como um todo.
“Estamos tentando, junto a todos os estados do Nordeste, ser um foco de resistência frente à falta de comando federal. Queremos nesse espaço discutir os reflexos que nós teremos após pandemia, visto que não estamos de férias e nem recesso, estamos em um período de excepcionalidade, tendo que nos reinventar na aprendizagem dos nossos estudantes e temos nos esforçado bastante para isso. É um esforço de rede para manter as atividades com instrumentos pedagógicos não presenciais e temos acumulado boas experiências. Enfrentamos dificuldades, mas entendemos que é ainda melhor alcançar alguém do que ninguém”, afirmou Felipe Camarão.
Felipe Camarão explicou sobre como a rede estadual tem enfrentado essas dificuldades lembrando que o Maranhão foi a primeiro no Brasil a transmitir videoaulas e áudio das aulas gravadas por professores da rede, referindo-se a parcerias firmadas com a Assembleia Legislativa do Maranhão e Rádio Timbira, além da disponibilização de todo o material em canais oficiais de redes sociais e site da Seduc.
“Foi nos piores momentos da humanidade que evoluímos na questão científica, então é nossa missão cívica agora nos reinventar nesse momento. E para nós é uma felicidade a audiência e aceitação que a aplicabilidade das atividades não presenciais está tendo junto aos estudantes, professores e gestores escolares nesse período”, afirmou Camarão.
Trazendo a discussão para um âmbito mais amplo, Raquel Oliveira falou da imprevisibilidade que o cenário de crise trouxe para a educação. “Este cenário é imprevisível e, trazendo isso para a educação, a pandemia colocou uma lupa em uma fratura pedagógica. Hoje, nós não podemos simplesmente pegar o que já se fazia nas escolas e colocar isso online, por vários motivos: a falta de conectividade de todos, as mortes. Mas sabemos que precisamos fazer alguma coisa”, falou a coordenadora.
Raquel Oliveira chamou atenção para a forma como a prática pedagógica deverá se apresentar a partir do cenário de pós-pandemia. Questões como: “quais são as competências e aprendizagens que eu preciso fomentar no meu aluno para que ele esteja preparado para a volta?” E “como o currículo precisa se adaptar ao que está acontecendo na cidade?”, foram alguns dos levantamentos elaborados por ela.
“Com isso a gente começa a ver o futuro como um espaço de transformações. Temos que garantir que a maioria dos estudantes do Maranhão seja envolvida e se esse estudante da rede entende, ele consegue – em uma rede colaborativa – impactar na sociedade em que ele vive. Somado a isso precisamos entender que os professores também estão se modificando nesse movimento. O mundo está sendo perpassado mais do que nunca por uma transformação digital no que diz respeito aos relacionamentos. E todo esse movimento da Covid abre um pensar sobre esse movimento da aprendizagem”, disse.
“A educação tem o poder de transformar vidas e com esse cenário que estamos vivendo agora um diploma só não bastará, estamos trabalhando com o gerenciamento de crises. E essa é uma proposta ardente do Maranhão, está se trabalhando no campo do possível e assim aprendendo a aprender. É muito bonito de ver esse movimento do Maranhão”, ratificou Raquel Oliveira.
Entre os pontos levantados para discussão pela secretária adjunta Nadya Dutra, durante o webinar, foram: o acolhimento e reintegração social da comunidade escolar; a adoção de avaliação diagnóstica; a organização da recomposição do calendário escolar – levando em consideração as atividades presenciais e não presenciais; e o combate à evasão e abandono escolar.
“Já temos uma agenda pensada para essa volta, incluindo as questões psicológicas e de saúde. Estaremos atentos ao modo de convivência dos nossos estudantes e professores. A pandemia nos revelou outros graves problemas do nosso país, como os de moradia e saneamento básico. E a educação vai precisar auxiliar na mitigação dessas consequências sociais que a pandemia vai deixar. Educação não é nada simples, é complexa e exige um olhar crítico e depois de tudo isso é que vamos precisar organizar os direitos básicos de educação para cada estudante”, falou Nadya Dutra.
Participação
A transmissão alcançou um número bastante significativo de espectadores, tendo um pico de mais de 2 mil visualizações. Audiência essa que incluiu educadores, professores e gestores de todo o estado que acompanharam o debate e expuseram suas indagações diante do novo cenário educacional que se apresentará pós Covid-19.
“Um espaço de diálogo para ampliar nossas práticas de reinvenção pedagógica”, reforçou Rai Maria, internauta conectada durante o debate online.
“Mais do que nunca, este momento nos obriga a repensarmos nosso jeito de ser, de pensar e de estarmos nos diversos espaços, de modo especial no chão da escola”, destacou o internauta Tiago Aguiar Silva.
“Sou professora da rede municipal de Presidente Dutra, muito bem pontuado a questão de estarmos nos reinventando, não só enquanto escola, mas também, enquanto família. Diálogo bastante pertinente”, afirmou a internauta Patti Klein.
Retomada das atividades e volta às aulas
Outro ponto tocado pelos debatedores durante o webinar foi a devida atenção que deverá ser dada a todos os pontos que englobam a volta às aulas. No que tange, não apenas o currículo escolar, mas também o aspecto psicológico que toda a retomada trará para as comunidades escolares.
Nesse aspecto, o secretário Felipe Camarão afirmou que as equipes de Aprendizagem e Ensino da Seduc têm preparado um calendário que abrangerá desde a área técnica-administrativa da Secretaria, perpassando por gestores e professores até a ponta – que são os estudantes.
“Teremos semanas de acolhimento. Primeiro teremos uma semana para acolher os nossos servidores e nossos gestores regionais e escolares. Depois, acolheremos nossos professores, em uma semana de psicopedagogia, pois é desumano pegar um professor e encaminhá-lo diretamente para a sala de aula e a partir daí vamos planejar a volta às aulas”, explicou o secretário.
“Daí partiremos para uma semana de acolhimento aos nossos estudantes, sem aula. Explicar o que é pandemia e epidemia com professores de História e Biologia. Professores de Filosofia e Sociologia que expliquem o que é uma crise. Promovendo momentos de atividades interdisciplinares. Só depois disso, teremos a semana de aula, com avaliação diagnóstica, com apoio do CAED, sem custos para todas as redes, municipais e estadual”, complementou o secretário. CAED é o Centro de Apoio à Educação a Distância, projeto vinculado a Universidade Federal de Minhas Gerais (UFMG).
Iniciativa também aprovada pelos internautas que acompanharam o webinar. “Muito boa essa ideia de um planejamento de quando voltarmos às aulas termos uma semana de preparação psicológica”, aprovou o internauta Edu Celso Porto.
Fonte: Seduc
Texto: Letícia Pinheiro
05/05/2020
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