Durante esta semana várias escolas da Rede Estadual de Ensino apresentaram atividades culturais em comemoração à ‘Semana Nacional da Consciência Negra’, que tem como ponto alto o dia 20 de novembro (domingo), data que lembra o aniversário de morte de Zumbi dos Palmares – o último líder do Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas, que morreu na luta pela libertação do seu povo oprimido pela escravidão, no período do Brasil Colonial. A data é, ao mesmo tempo, convite para que a sociedade faça reflexões sobre o papel do negro na sociedade ao longo dos tempos.
Nesta quinta-feira (17) o C.E José Justino Pereira, na Cidade Operária, realizou várias atividades como parte da culminância do projeto pedagógico ‘Africanidade’, temática trabalhada como conteúdo transversal dentro de várias disciplinas, de acordo com as diretrizes das leis 10.639/ 2003, que cria a data e 12.519/ 2011, que instituí em âmbito nacional o tema para as escolas como forma de levar à reflexão e conscientização dos estudantes sobre a temática.
Este ano o projeto trabalhado pelos alunos do C.E. José Justino Pereira trouxe o tema ‘A Beleza da Cor’. “Nós já falamos muito de racismo, discriminação, violência e tantos outros crimes contra o negro. Este ano, nós decidimos fazer uma outra abordagem, numa perspectiva da beleza, da valorização do negro, que tem uma participação fundamental na construção da sociedade, e que precisa ser respeitado como protagonista deste fazer social, cultural e cidadão. Toda pessoa tem que ser respeitada independentemente de cor, raça, sexo ou credo religioso ”, destacou Ilma da Silva Araújo, professora de História, que coordenou o projeto.
Durante todo o dia foram apresentadas várias atividades como: roda de capoeira, coreografias temáticas, hip hop, reggae, desfile de moda afro, máscaras africanas, entre outras atividades.
Alunos e professores encheram o pátio da escola de muita alegria e descontração. Os alunos, em sua maioria afrodescendentes, mostraram empoderamento e entusiasmo para trabalhar a temática. “Eu já passei por muitas situações de preconceito, e de cada uma procurei tirar uma lição de vida. Ser negro não nos diferencia, porque por dentro somos todos iguais, o sangue que corre na veia é tudo vermelho. Eu tenho orgulho de ser negra, sou bonita e assumida. Sou muito feliz com a minha cor”, disse Martinha Mendes Soares, 15 anos, exibindo seus cabelos cacheados, um sorriso lindo e um olhar cheio de brilho e orgulho ao falar do ‘ser negra’.
“Nós estamos muito felizes com o resultado do projeto. Houve um envolvimento muito grande de estudantes e professores, os trabalhos foram surpreendentes”, enfatizou Joanderson Sousa Ferreira, aluno do 3º ano.
“Eu aniversário no dia 20. Então, eu sempre digo que este projeto é o meu maior presente, pela forma como ele é pensado e desenvolvido, com envolvimento da comunidade escolar, levando todos a refletir, mesmo, sobre a temática do negro, envolvendo várias questões”, revelou Vânia Menezes, Diretora Geral do C.E. José Justino Pereira.
C.E. Y Bacanga
O C.E. Y Bacanga, no bairro Fumacê, também aproveitou a data para reforçar os diálogos com a comunidade estudantil sobre a situação da população negra no país. Um dos momentos marcantes aconteceu nesta quarta-feira (16), quando foi proferida a palestra ‘O Poder da Negritude: Retrocessos Históricos do Negro no Brasil Contemporâneo”, proferida pelo professor Carlos Pimentel, Especialista em estudos Africanos e Brasileiros pela Universidade Paulista, entre outras especializações.
Na conversa, Carlos Pimentel teve a oportunidade de compartilhar com mais de 100 alunos os seus conhecimentos sobre as questões do negro no país. “Esta palestra é parte de um artigo que venho desenvolvendo há dois anos. E traz uma abordagem da situação do negro no Brasil, desde o Século XVI, quando começa a escravidão no país, até os dias atuais com a lei das cotas, o papel do negro no século XXI e o seu maior desafio na sociedade atual diante de tanto racismo. O intuito é o despertar da autoestima e da valorização do negro”, destacou Pimentel.
“Esta semana tem um papel importante nas discussões dos vários aspectos que envolvem o papel do negro na sociedade brasileira ao logo dos séculos. E nós não podemos deixar de oportunizar aos nossos estudantes momentos de debates e reflexões sobre preconceito, discriminação, mas, também, sobre autoestima, conquistas e empoderamento do negro quanto ao seu papel na sociedade”, disse a professora Jesane Nina, coordenadora do projeto.
Fonte: Seduc
Fotos/Lauro Vasconcelos
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