Só faltou a pipoca pro cinema ficar completo! Por algumas horas, na manhã desta terça-feira (01), o auditório do C.E. Fernando Perdigão se transformou numa sala de cinema. Os estudantes do 3º ano, coordenados pela Arte educadora Maria Tereza Azevedo e por Marcelo Vale, estudante do curso de Teatro da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), apresentaram o filme ‘O Mulato’, inspirado no romance naturalista de Aluísio Azevedo, que se passa na São Luís, do século XIX. A obra é uma crítica ao clero, ao racismo, à hipocrisia social e ao romantismo. E fala de um relacionamento amoroso que tinha o obstáculo da cor da pele como empecilho.
A história de Raimundo (o mulato, filho de uma escrava) e Ana Rosa (a menina rica criada pelo pai nos padrões da sociedade), foi adapta para falar de preconceito e racismo em dias atuais. O trabalho faz parte do projeto interdisciplinar desenvolvido na escola que trouxe para debate em sala de aula o tema ‘Consciência Negra’. Durante o projeto, os estudantes foram levados a ler a obra, participar de oficinas e se envolver na produção. Onze estudantes participaram do elenco principal, além de outros que atuaram como figurantes.
O filme, com duração de 40 minutos, teve roteiro, adaptação do texto, direção e organização de figurino de Marcelo Vale, que é estagiário no C.E. Fernando Perdigão. “A gente vem da Universidade cheio de ideias e chega aqui encontra estes adolescentes cheio de uma vontade muito grande de fazer algo diferente, que só precisam de incentivo para mostrar que são capazes. Eles foram provocados a atuar e o resultado
foi esse. Fiquei muito contente”, disse Marcelo.
Para garantir a produção do filme, Marcelo, estudantes e a professora foram em busca de apoio de várias pessoas que cederam os casarões históricos, figurinos e câmera.
Para Gilson dos Santos, estudante de 17 anos, interpretou Raimundo, foi uma experiência única. “Eu já havia lido ‘O Mulato’, então foi muito bom viver esse personagem. Além de facilitar o nosso aprendizado, nos leva a formar conceitos, a refletir sobre a situação do negro hoje. A história tem mais de 130 anos e tão atual”, disse Gilson.
A estudante Rayssa Dominicci interpretou o seu primeiro papel, a doce ‘Ana Rosa’. “Eu nunca imaginei que ficaria tão legal. Foi uma grande aula, todo mundo se envolveu, discutiu. Isso é lição que não se esquece”, declarou.
Elias Santana Gutemberg, de 16 anos interpretou o Manuel, pai de Ana Rosa, leu a obra de Aluísio Azevedo pela primeira vez. “Li e gostei muito. É uma obra muito forte que retrata uma realidade do século XIX, não muito distante do Século XXI, porque a gente vê preconceito na nossa rua, no nosso bairro, na cidade, no país”, destacou o estudante.
Para a arte educadora, Maria Tereza Azevedo, que coordenou o projeto ‘Consciência Negra’, foi uma experiência enriquecedora para todos e de muito aprendizado. “Os alunos mergulharam na obra para poderem viver os personagens de uma forma mais fiel possível. O trabalho de Marcelo foi muito bom, a participação dos alunos foi muito positiva, eles mostraram que são capazes de produzir e concluir um trabalho com grande qualidade”, destacou a professora. “Eu fico emocionada em vê-los envolvidos no projeto, mostrando que é possível. Isso é protagonismo. Eles com certeza não serão mais os mesmo. Eles organizaram, participaram de todo o processo criativo, de produção e principalmente receberam através desse projeto, o conhecimento que vão levar para a vida toda. Eu gostaria que mundo visse”, enfatizou a gestora da escola, Isabel Cristina Serra Marquinho.
Fotos: Mateus Marques
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