A importância da educação e de políticas públicas eficazes no combate ao racismo e o valor da mulher negra na sociedade foram alguns dos temas abordados em um descontraído bate-papo entre a escritora, filósofa e ativista Djamila Ribeiro, e estudantes do Centro de Ensino Liceu Maranhense na manhã dessa terça-feira (15).
O encontro, realizado no auditório daquele Centro de Ensino, foi promovido pelo Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), em parceria com a Prefeitura Municipal de São Luís como parte da programação da 13ª Feira do Livro de São Luís (FELIS).
Djamila Ribeiro é pesquisadora mestra em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), colunista online das revistas Carta Capital, Blogueiras Negras e Azmina. A escritora é também conhecida nacionalmente por seu ativismo na internet, onde acredita que é importante apropriar-se desse meio como uma ferramenta na militância das mulheres negras.
Durante o encontro com a comunidade escolar do CE Liceu Maranhense, Djamila trocou ideias com os estudantes sobre diversos assuntos, tais como: relações raciais e de gênero e feminismo, seus como principais temas de atuação e destacou a importância de se oportunizar momentos de discussão tão relevantes quanto esse dentro das escolas de todo o país.
“É fundamental! Muito do nosso trabalho é conversar com estudantes sobretudo em um momento de ataque à educação pública no Brasil, a gente acha que é importante a gente refletir criticamente, para eles [os estudantes] entenderem o que está em jogo, o que está em risco e a importância de a gente poder se mobilizar e se conscientizar coletivamente contra todos esses desmandos que estão acontecendo e o quanto que a gente tem que defender a educação pública, defender a ampliação e a melhora da qualidade da educação pública no Brasil”, afirmou a escritora.
Um dos pontos altos do debate foi marcado pelos relatos de racismo que a própria Djamila Ribeiro sofreu durante a infância e adolescência dentro do ambiente escolar.
Relatos que chamaram a atenção da estudante da 3ª série do Ensino Médio, Larissa Coaraci, que disse que o debate foi importante para elucidar dúvidas de alguns estudantes que já podem ter passado por situações de racismo dentro das escolas, sem perceber, além de todo o apanhado histórico sobre o tema, também abordado pela ativista durante o bate-papo.
“A Djamila também trouxe bastante esclarecimentos ‘pras’ dúvidas que a gente tinha sobre a trajetória do racismo no Brasil. Ela conseguiu trazer ‘pra’ gente uma coisa que antes a gente via só na superfície, ela conseguiu aprofundar esse tipo de questão ‘pra’ gente poder ter noção da gravidade que é o racismo. E quem acompanha ela [nas redes sociais] sabe que ela consegue clarear muito a nossa mentalidade para a gente poder combater o racismo”, disse a estudante.
Larissa também reforçou a importância em se discutir e esclarecer dúvidas sobre o feminismo, vertente em que as mulher negras também ainda sofrem preconceito e que Djamila, por meio de seu discurso e ativismo, ajuda a combater.
“Ela é uma pessoa que além de história de vida traz uma marca muito forte dela em relação ao feminismo, porque o feminismo veio de mulheres brancas. Então a Djamila traz pra gente que o feminismo deve abranger não só mulheres brancas, apesar de ser iniciado por mulheres brancas. Ela traz essa luz que o feminismo negro mostra que a gente não deve se esquecer das mulheres negras, que é uma vertente que ainda sofre racismo dessa parte”, complementou Larissa.
Para o educador social Enilson Ribeiro, esse foi um momento rico de troca de experiências e mais uma importante iniciativa para o combate ao racismo dentro do ambiente escolar.
“Trazer a Djamila, que é essa referência gigante é muito importante, principalmente se a gente pegar o Liceu, que foi construído nesse modelo de sociedade que era escravocrata e conseguir trazer esse debate pra essa instituição em que grande parte da elite branca do estado estudou aqui, é de suma importância porque a molecada que tá aqui consegue perceber que às vezes a gente sofre racismo no dia a dia e não consegue perceber porque tá banalizado, já disseram que é normal. E a Djamila traz essa fala muito forte, primeiro da educação de vida dela e as estratégias de como resistir, tendo a educação como um grande referencial de vida e como instrumento que mudou a vida dela, que conseguiu reafirmar ela enquanto negra”, disse o Enilson Ribeiro, que faz parte da Rede Amiga da Criança.
“Foi um momento muito importante para nós estudantes termos esse diálogo com ela. Um momento em que a gente soube se pôr no lugar das pessoas, saber os valores das pessoas e direitos de cada um. Também tivemos momentos de conhecer a história do nosso país, o que não devemos ver apenas em sala de aula, mas sim fora dela, pra que a gente possa nos ver no passado e se colocar em uma posição no presente”, concluiu o estudante Israel Magalhaes, que é presidente do Grêmio Estudantil Aluízio Azevedo, do Centro de Ensino Liceu Maranhense.
Fonte: Seduc
Texto: Letícia Pinheiro
Fotos: Lauro Vasconcelos
15/10/2019
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