O Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), iniciou, nesta segunda-feira (16), o 2º Módulo da I Formação Continuada em Educação Escolar Quilombola, que acontece até a próxima sexta-feira (20), no Grand São Luís Hotel, na capital.
O encontro visa balizar a educação escolar quilombola oferecida no Maranhão, conforme preceituam as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica.
“O que o Governo do Maranhão pretende é valorizar os educadores na perspectiva de prepará-los para trabalhar nos Centros de Educação Quilombola, respeitando e valorizando toda a ancestralidade dos alunos sediados nos territórios quilombolas do estado”, explicou a professora Ana Tereza Bittencourt Pereira, da Supervisão de Educação Escolar Quilombola e de Educação para as Relações Étnico-Raciais.
Segundo ela, com o processo de formação, o professor vai adquirir mais conhecimentos acerca da Educação Escolar Quilombola, dos valores civilizatórios expressos nas diretrizes nacionais para a educação escolar quilombola e de todos os marcos legais oriundos das lutas que a população negra teve em prol de uma educação de qualidade.
O 1º Módulo da formação foi realizado em setembro e trabalhou conteúdos nos eixos: Introdução aos Estudos Africanos e Quilombo e Territorialidade: Aspectos Históricos e Culturais.
No 2º Módulo da formação serão trabalhadas: História dos Quilombos Brasileiros, Comunidades Rurais Quilombolas, Quilombos Urbanos, Organizações Quilombolas, Comunidades e Povos, Comunidades Tradicionais no Brasil, fazendo abordagem sobre a Educação Étnico-Racial, os Aspectos Legais, assim como os conceitos sobre racismo, discriminação racial, preconceito, identidade, autoestima, negritude, ideologia do branqueamento, entre outros aspectos.
“Nosso objetivo é fazer com que o professor perceba como pautar todas as discussões sobre esses eixos no currículo e relações ético-raciais, que concepções são essas, como a gente trabalha essas práticas e organizações com o trabalho pedagógico e com a educação para as relações étnico-raciais”, explicou a professora Marinildes Martins, supervisora de Educação Escolar Quilombola e de Educação para as Relações Étnico-raciais.
“O que queremos é que o professor compreenda esses conceitos, tenha entendimento sobre essas questões específicas para uma educação inclusiva que respeite a diversidade e possa, a partir daí, entender que tudo o que estamos discutindo aqui nada mais é do que políticas e ações afirmativas e reparações na educação universalizada”, concluiu a supervisora.
No total, 60 pessoas participam do curso de formação, entre professores, gestores escolares e lideranças comunitárias quilombolas das 31 Escolas, incluindo os 18 Centros de Educação Quilombola, anexos e as chamadas “Sala Fora”, que estão inseridas em escolas tradicionais, nos municípios de Pinheiro, Viana, Itapecuru-mirim, Chapadinha, Codó e Bacabal.
Para a pedagogo Anacleta Pires da Silva, 51 anos, liderança do Território Quilombola Santo Rosa dos Pretos, em Itapecuru-mirim, este é um momento de transformação e um marco na vida dessas comunidades quilombolas.
“Há tempos a gente vive sonhando com um momento desse; esse momento para nós é ímpar na vida, porque reconhece uma educação que perpassa pelo nosso país ou pelo nosso mundo. A gente não se enquadra de fato se não houver uma reciclagem”, disse.
Para a professora Ilma Fátima de Jesus, uma das formadoras do 2º Módulo, momentos formativos como esse são extremamente importantes porque “essas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica são recentes, ainda não passaram por formações”.
Para Ilma, “é fundamental trabalharmos os saberes dos quilombolas, o currículo precisa ser um currículo aberto para esses saberes, aberto para o compartilhamento de experiências que as comunidades quilombolas desenvolvem ao longo dos anos”.
“Não se trata apenas de passar teorias, mas, principalmente, de levar esses educadores a uma reflexão para a prática pedagógica sobre o que estamos trabalhando no dia a dia da escola quilombola, ou como devemos tratar a educação dos estudantes que vêm de comunidades quilombolas”, finalizou a professora.
Fonte: Seduc
Texto: Raphael Garreto
Fotos/Lauro Vasconcelos/Seduc
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