“Hoje nós realizamos um sonho. Um sonho que não é só meu, mas é de alunos, professores e toda comunidade. Nossa escola hoje é digna. Digna da memória de Sotero dos Reis. Agradecemos muito a Deus e ao nosso governador pela sensibilidade”. As palavras emocionadas são de Aparecida Carvalho, gestora geral do Centro de Ensino Sotero dos Reis, escola da rede pública estadual que funciona em um prédio quase centenário, na rua São Pantaleão, capital maranhense.
Com muita música e animação, a escola foi inaugurada na manhã desta segunda-feira (17), após passar por uma importante reforma durante seus 82 anos de existência, que respeitou a arquitetura do prédio tombado como patrimônio histórico. Há décadas sem receber obras, a escola acumulou diversos problemas estruturais que prejudicavam o dia a dia da comunidade.
As melhorias realizadas além de conceder condições dignas para a comunidade escolar, representam, ainda, um resgate histórico e de preservação do espaço, que no século XIX já foi o mais luxuoso cemitério de São Luís, como relembra o secretário de Estado da Educação, Felipe Camarão. “Uma alegria muito grande entregar mais uma escola digna, a 11ª deste mês de junho. O Governo Flávio Dino não para e nós estamos constantemente buscando melhores condições para nossos estudantes e professores. O Sotero dos Reis, escola tradicionalíssima de São Luís, há décadas clamava por uma reforma, inclusive estava com um andar todo interditado. E hoje, sim, está belíssima, estruturada, com espaços dignos e funcionando plenamente para melhor atender nossos estudantes. Além disso, a reforma realizada neste prédio é um resgate e preservação do nosso patrimônio, pois aqui há muitos anos, funcionou o cemitério dos ingleses”, realçou o secretário.
Para o estudante Pedro Marcelo, a reforma da escola estimula a comunidade para preservação do ambiente, que guarda um pouco da história de antepassados. “Para gente é gratificante, porque a melhoria na escola muda até nosso propósito de querer preservá-la, porque isso aqui se trata de um patrimônio. Nos sentimos felizes por termos ele preservado e por podermos cuidar dele”, enfatizou.
Lecionando no CE Sotero dos Reis há mais de uma década, a professora Graça Maria afirma que a reforma é motivacional e gratificante. “Tenho muitos anos aqui e ainda não tinha visto uma reforma de qualidade como estamos vendo agora. Isso ‘pra’ mim é sucesso. Estamos muito felizes com isso. É gratificante para mim estar em um local assim, porque eu gosto de estar em sala de aula, e com a escola da forma que está, eu venho ainda mais feliz e cantando”, declarou a educadora.
Sotero dos Reis – lugar onde jaz história
Fundada em 1937, a Sotero do Reis guarda uma história cheia de riquezas e fatos que estão diretamente associados à história de São Luís. Primeiramente, à história de vida do seu patrono, Francisco Sotero dos Reis, professor autodidata considerado um dos principais expoentes da educação ludovicense e brasileira, que deixou um legado incalculável à Língua Portuguesa, ao escrever, em 1962, Pastillas de Grammática Geral, considerada por muitos historiadores a primeira gramática brasileira.
Outro importante marco é o local, que no século XIX abrigou o mais luxuoso cemitério de São Luís, época em que os ingleses chegaram à ilha. Com suas resistências em utilizar espaços públicos, resolveram construir suas próprias igrejas, escolas, casas e cemitérios. O da São Pantaleão – espaço onde hoje é a escola – tinha, logo na entrada, um portal de cantaria, que veio de Lisboa (Portugal), portões e gradeados que chamavam a atenção pelo esplendor e qualidade de acabamento. Os jazigos eram quadrados, porque os corpos eram enterrados no sentido vertical.
Dados apontam que, ali, foram enterrados 242 corpos, entre eles, diplomatas, comerciantes, comandantes de navio e marinheiros. De acordo com relatos, até meados de 1970, os túmulos ainda podiam ser vistos no local e, ainda hoje, o espaço da escola abriga dois túmulos.
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Fonte: Seduc
Texto: Luana Muriella
17/06/2019
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