A Secretaria de Estado da Educação (Seduc), por meio da Secretaria Adjunta de Ensino (SAE), em parceria com Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa (GMNMA), realizou nesta quarta-feira (14), no prédio da SAE, São Francisco, uma rodada de conversa e debate sobre a ‘Situação dos Direitos Humanos das Mulheres Negras no Brasil’. O evento foi direcionado para servidores da Seduc\SAE e faz parte da ‘Campanha dos 16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra a Mulher’, uma ação dos movimentos feministas do Brasil.
No Maranhão a campanha foi iniciada no dia 20 de novembro ‘Dia da Consciência Negra’ e terminará em 30 de dezembro – ‘Dia Internacional dos Direitos Humanos’.
Servidoras da Seduc participam de uma ‘Ciranda das Mulheres’
No primeiro momento foi realizada, no pátio da SAE, uma ‘Ciranda de Mulheres’, conduzida pela professora Lúcia Gato, do GMNMA, na qual as mulheres puderam expressar suas opiniões sobre a violência contra as mulheres e sobre o que as incomodam diante desse cenário. “Foi um momento onde a gente ouviu histórias de vida, memórias, e viveu a essência do ativismo que é a reunião de vários atores de um processo. Foi uma reunião de forças para determinar que sejamos mais fortes”, disse a professora Lúcia.
Um dos momentos mais bonitos da ciranda foi quando as servidoras, numa grande roda que se fechava, como num abraço coletivo onde cabe muitos sentimentos, cantavam ‘Maria, Maria’, de Milton Nascimento. “Essa Ciranda faz parte de um trabalho relacionada ao Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa, que faz parte da articulação de mulheres negras no estado. É uma maneira de a gente envolver as mulheres nas discussões de questões concernentes à situação da mulher negra na sociedade, com enfoque na sua participação política, construção da identidade, saúde, educação, sexualidade e mercado de trabalho”, destacou Lucia Gato.
Em seguida, no auditório, foi apresentado um dossiê sobre ‘A Situação dos Direitos Humanos das Mulheres Negras no Brasil: Violências e Violações’. De acordo com o ‘Mapa da Violência 2015’, o país ocupa a 5ª posição no triste ranking mundial de feminicídio, com uma taxa de 4,8 assassinatos por cada 100 mil mulheres.
O estudo elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), com o apoio da ONU Mulheres e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), aponta ainda que, em dez anos houve um aumento de 54% no número de assassinatos de mulheres negras, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013.
Diante deste panorama, em conformidade com o III Plano Estadual de Políticas para as mulheres 2013-2015, e com responsabilidades por uma educação não racista, não machista, não sexista e não lesbotransfóbica, a Seduc tem desenvolvendo atividades referentes à Campanha, com vistas a mobilizar, disseminar e sensibilizar servidores e estudantes de escolas da rede estadual de ensino para a importância do enfrentamento à violência contra as mulheres, especialmente no tocante as mulheres negras.
Para o professor Claudinei de Jesus Rodrigues, Superintendente de Modalidade e Diversidades Educacionais da Seduc, o objetivo é conscientizar para prevenir. “É uma ação que buscamos fazer uma sensibilização com as nossas companheiras de trabalho, da Seduc. Trazer à baila esse tema do ativismo, da prevenção à violência, do não aceitar a violência, mesmo simbólica. Infelizmente a violência contra mulher é uma realidade, acontece de várias formas, inclusive a violência institucional. E só envolvendo as pessoas num grande debate, podemos ter resultados positivos”, disse Claudinei.
“É um trabalho extremamente importante, porque traz as organizações políticas da sociedade civil para dentro das instituições públicas. É fazer que o Estado incorpore, também, como elemento de reflexão, essas iniciativas políticas desses movimentos sociais e possa, a partir dessas iniciativas, pensar políticas públicas que possam trazer equidade de gênero para a sociedade”, destacou Marinildes Martins, da Supervisão da Educação Escolar Quilombola e para Educação das Relações da Étnico Raciais.
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