“Quando eu era criança, meu pai não me deixou estudar. Quando casei, meu marido também não deixou. Depois que fiquei velha, tinha vergonha de ir para escola. Mas aí o povo da cidade começou a dizer que sim, nós podíamos estudar”. O relato de Maria Amância, 59 anos, retrata a transformação que o programa do governo estadual ‘Sim, Eu posso!’ está fazendo em oito cidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no Maranhão. São mais de 14 mil jovens, adultos e idosos analfabetos que, até dezembro deste ano, saberão ler e escrever.
Moradores de Itaipava do Grajaú, Jenipapo dos Vieiras, Aldeias Altas, Água Doce do Maranhão, Santana do Maranhão, São Raimundo do Doca Bezerra, São João do Carú e Governador Newton Bello estão sendo alfabetizados por uma extensa equipe de voluntários bolsistas. São 702 alfabetizadores, comandados por 71 coordenadores de turma, contratados por meio de seletivo, em edições promovidas em maio e junho deste ano. A arregimentação dos educadores foi feita nos próprios municípios. No total, o governo estadual está investindo cerca de R$ 7,4 milhões para execução do programa.
Em apenas três meses, o ‘Sim, Eu posso!’ já começa a colher frutos. Em Aldeias Altas, a aluna Maria Amância dá sinais de progresso. “Hoje já consigo ler umas coisinhas e, quando terminar, vou escrever uma carta para o governador e agradecer. Não vou mais parar, quero estudar cada vez mais”, falou. O ganho de autoestima, expresso na vontade de continuar estudando, também está presente nas palavras de Maria Francisca, 29 anos. “Vou me esforçar e me interessar. Ainda sou jovem e, daqui uns anos, vou fazer faculdade e posso até ser doutora”, disse a também aluna de uma das turmas de Aldeias Altas.
Para milhares de pessoas, dominar as letras abriu um mundo novo de possibilidades. Caso de Raimundo Silva, 73 anos, morador de Aldeias Altas. “Quando eu era menino, meu pai dizia que a escola era a roça e a caneta era a enxada. Eu via os outros meninos indo para escola e morria de vontade de ir junto, mas meu pai dizia: Acorda menino! Deixa de sonhar! Hoje recebo a graça de Deus de poder estudar e acho bom aprender o ABC e os números”, relatou o agricultor.
Uma chaga chamada analfabetismo
De acordo com censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 19,31% da população maranhense, com 10 anos ou mais, é analfabeta. Isso faz do Maranhão o quarto estado com maior índice de analfabetismo. Perdemos, apenas, para os estados da Paraíba, Piauí e Alagoas. O Nordeste, por sua vez, é a região com mais analfabetos no Brasil.
Para o secretário de Estado da Educação, Felipe Camarão, há uma relação direta entre analfabetismo e o baixo desenvolvimento econômico e social de muitas cidades maranhenses. Um quadro que o governo estadual tem o compromisso de combater, por meio de ações como o ‘Sim, Eu posso’.
“Muitos maranhenses ainda não possuem qualquer nível de alfabetização, pois nunca frequentaram a escola. São pessoas à margem da sociedade, com oportunidades profissionais e pessoais negadas. O ‘Sim, Eu posso’ vem para transformar a vida dessa parte da população, para que a gente possa erradicar de vez esta chaga que é o analfabetismo”, falou Camarão.
Método pedagógico
As jornadas educativas ocorrem em regime de cooperação com o Movimento Sem Terra (MST), detentor do método de alfabetização ‘Sim, Eu posso!’. A metodologia foi concebida pelo Instituto Pedagógico Latino-Americano e Caribenho de Cuba (Iplac), aliado aos círculos de cultura da pedagogia de Paulo Freire.
Por meio desse método, a aprendizagem tem duração de oito meses. Nos três primeiros, acontece o processo de alfabetização propriamente dito. Nos cinco meses restantes, os recém-alfabetizados participam dos chamados ‘Círculos de Cultura’, para que possam vencer o analfabetismo funcional.
A formação de 14.040 alunos, com idade igual ou superior a 15 anos, em oito cidades maranhenses, faz parte da primeira etapa do ‘Sim, Eu posso’. Na segunda fase do programa, a meta é alfabetizar mais 32 mil pessoas, em 20 municípios.
Plano ‘Mais IDH’
O ‘Sim, Eu posso’ é desenvolvido pelo governo do estado, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) e da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop). O programa compõe as ações do Plano ‘Mais IDH’, instituído pelo governador Flávio Dino em 30 cidades maranhenses com baixo índice de desenvolvimento humano.
Fonte: Secap
Texto: Carolina Mello
Fotos: Divulgação/SES
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