Em minhas andanças pelas escolas do Maranhão, tenho ouvido de professores a seguinte expressão: “Dar aula hoje não é como antigamente. É muito mais difícil, falta interesse dos alunos”. Notadamente, com a concorrência das novas tecnologias, como o celular, as redes sociais e outras plataformas digitais, o processo de ensino e da aprendizagem, em sala de aula, torna-se cada vez mais desafiador, exigindo de nós, educadores, uma postura que transcenda as lições tradicionais.
Uma reportagem publicada na Folha de São Paulo, em 2016, sobre o desempenho dos alunos do Ensino Médio em Matemática no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) 2015, quando os estudantes brasileiros tiveram a pior nota desde 2005, salientou que: “hoje, o Ensino Médio encontra meninos e meninas desanimados e com dificuldades nas aulas, que vão ficando mais complexas. É um convite para a evasão escolar. Na prática, metade de quem começa a estudar, no Brasil, não termina o Ensino Médio”. A ONG Todos Pela Educação aponta que apenas 7% da população brasileira que conclui o ensino médio sabe multiplicar 150 x 1,3.
Enfrenta-se, portanto, na educação brasileira, um cenário que requer de todos nós uma atitude combativa e, ao mesmo tempo, inovadora, sobretudo quando se refere à Matemática.
O governador Flávio Dino determinou, logo no início da gestão, que fossem realizadas escutas pedagógicas com mais de 5 mil professores dos componentes de Língua Portuguesa e Matemática de todo o Estado, cujo objetivo foi ouvir dos educadores as dificuldades, os desafios encontrados em sala de aula e o que julgavam necessário para melhorar o trabalho e, consequentemente, a qualidade do ensino e dos indicadores educacionais.
Como fruto dessas escutas, foram distribuídos aos docentes e, também, disponibilizados no portal da Secretaria de Estado da Educação, cadernos de orientações pedagógicas por componente curricular, entre os quais o de Matemática, com sugestões direcionadas aos professores para alinhamento curricular, de forma a aproximar esse componente da vida do aluno, com uma aprendizagem significativa, mais humanizada e menos abstrata possível. “Isso não quer dizer que o caráter abstrato da Matemática deva ser desconsiderado no processo de ensino. Mas é necessário ressaltar que esse caráter abstrato deve ser o fim e não o início do processo, ou seja, a prática do ensino de Matemática deve partir da concretude para a abstração dos conteúdos escolares”, enfatiza o documento.
Recentemente, tive acesso ao trabalho do professor Frederico Augusto de Almeida Kasper, licenciado em Matemática pela PUC/SP, que propôs uma atividade para o Ensino Médio, com base na Teoria dos Jogos, para tornar a Matemática mais interessante e estimular a participação ativa dos estudantes.
Para Kasper, “a aplicação de tarefas embasadas na Teoria dos Jogos pode ser viabilizada de maneira simples, sem a necessidade de elaboração ou aquisição de materiais e instrumentos complexos. […] possibilitam o desenvolvimento de atividades em sala de aula (individual ou em grupo), tarefas para casa e, também, como formas de avaliações diagnósticas, formativas e somativas”, defende. A concepção da sequência didática do professor levou em consideração os seguintes critérios: ser próximo à realidade do aluno; possuir relação com possíveis interesses do aluno; mobilizar raciocínio lógico e estratégico e destacar a importância da tomada de decisão consciente.
O jogo de xadrez é um exemplo de que é possível trabalhar Matemática em atividades que geram prazer e diversão entre os estudantes, tais como: a multiplicação no tabuleiro – 8 linhas e 8 colunas, resultando em 64 casas jogáveis, além de outros temas como progressões e análise combinatória.
Nessa perspectiva, o governador Flávio Dino convidou o bicampeão mundial de xadrez, o maranhense Rafael Leitão, para que ajudasse a rede estadual no processo de implantação do jogo de xadrez como ferramenta de ensino nas escolas, a fim de estimular o raciocínio lógico, fortalecer o conhecimento das operações matemáticas, além de oportunizar lições importantes para a formação do estudante como: disciplina, foco e socialização. Com a parceria de Leitão, o projeto Xadrez na Escola está em 113 escolas da rede e envolve diretamente 11,3 mil estudantes do Ensino Médio.
Como bem assinalou a doutora Sue Pope, diretora do Departamento de Desenvolvimento Profissional e Inovação Educacional da Universidade de Manchester (Inglaterra): não basta ter um bom currículo. Para que o mesmo seja implementado, de fato, é preciso haver quem acredite nele.
O governo do Maranhão acredita que a educação é único caminho para a transformação da vida das pessoas. Por isso, prioriza a aprendizagem e vem dotando a rede pública escolar do Maranhão de todas as condições necessárias para melhorar ainda mais o desempenho dos estudantes, com qualidade, para que possam lograr o futuro que almejarem.
Felipe Costa Camarão
Professor
Secretário de Estado da Educação
Membro da Academia Ludovicense de Letras e Sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
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