27/01/2021 9:38 am

Viriato Corrêa: literato e político imortal

Orgulho-me por ser, desde abril de 2017, o primeiro ocupante da cadeira de nº 24 da Academia Ludovicense de Letras (ALL), que tem como Patrono Manuel Viriato Correia Baima do Lago Filho ou simplesmente Viriato Corrêa.

Grande intelectual maranhense Viriato Corrêa, que, além de escritor, foi jornalista, dramaturgo e político, nasceu em Pirapemas no ano de 1884, tendo falecido no Rio de Janeiro, em 1967.

Filho de Manuel Viriato Correia Baima e de Raimunda Silva Baima, ainda criança deixou a cidade natal para fazer os cursos primário e secundário em São Luís do Maranhão. Começou a escrever aos 16 anos os seus primeiros contos e poesias. Concluídos os estudos básicos, mudou-se para Recife, cuja Faculdade de Direito frequentou por três anos. Seus planos incluíam, porém, morar no Rio de Janeiro, e sob o pretexto de terminar o curso jurídico na então capital federal foi juntar-se à geração boêmia que marcou a intelectualidade brasileira no começo daquele século.

Em 1903 saiu no Maranhão o seu primeiro livro de contos, “Minaretes”, marcando o aparecimento de Viriato Corrêa como escritor. O livro, no entanto, não agradou muito a crítica literária da época.

Com ajuda de Medeiros e Albuquerque, de quem se tornou amigo, Viriato Corrêa trabalhou na “Gazeta de Notícias”, iniciando carreira jornalística que se estenderia por longos anos e no exercício da qual seria colunista do “Correio da Manhã”, do “Jornal do Brasil” e da “Folha do Dia”, além de fundador do “Fafazinho” e de “A Rua”. Colaborou também em “Careta”, “Ilustração Brasileira”, “Cosmos”, “A Noite Ilustrada”, “Para Todos”, “O Malho” e “Tico-Tico”, entre outros.

Boa parte de seus escritos consagrados em livro foram divulgados pela primeira vez em páginas de periódicos. Assim ocorreu com os “Contos do sertão”, que foram publicadas primeiramente na “Gazeta de Notícias” e depois reunidos em volume e publicados em 1912, redimindo Viriato Corrêa do insucesso de Minaretes.

Outros livros de ficção viriam depois confirmar o sucesso do contista maranhense que se inspirava no cotidiano burguês ou campestre em cenários exclusivamente brasileiros.

Obteve significativa notoriedade no campo da narrativa histórica, ao lado de Paulo Setúbal, que também se dedicou ao gênero. Enquanto o escritor paulista deu preferência ao romance, Viriato Corrêa optou pelas historietas e crônicas, com o claro objetivo de alcançar o leitor comum. Escreveu no gênero mais de uma dezena de títulos, entre os quais se destacam “Histórias da nossa História” (1921), “Brasil dos meus avós” (1927) e “Alcovas da História” (1934).

Com o intuito de levar a História também ao público infantil, recorreu à figura do afável ancião que reunia a garotada em sua chácara para a fixação de ensinamentos escolares. As sugestivas “lições do vovô” encontram-se em livros como “História do Brasil para crianças” (1934) e “As belas histórias da História do Brasil” (1948).

Viriato deixou ainda muitas obras de ficção infantil, entre elas o famoso e célebre romance “Cazuza” (1938), um dos clássicos da nossa literatura infantil, em que descreve cenas de sua meninice.

Viriato Corrêa foi ainda um fecundo e festejado autor teatral. Escreveu perto de trinta peças, entre dramas e comédias, que tratavam sobre ambientes sertanejos e urbanos, vinculando-o à tradição do teatro de costumes que vêm de Martins Pena e França Júnior.

Viriato Corrêa foi deputado estadual no Maranhão, eleito em 1911, e deputado federal pelo nosso estado em 1927 e 1930. Por sua significativa contribuição cultural para o país, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1938.

Conseguiu conciliar, dessa forma, o lado político com o de literato, enveredando pelo conto, crônica, romance e literatura infantil, além do teatro, no qual se destacou de forma singular. Viriato Corrêa é um exemplo de que é possível conciliar política e cultura, e é um imenso orgulho ser o ocupante numero 1 da cadeira patroneada por ele.

Como mencionei antes, um dos livros mais famosos do meu patrono na Academia Ludovicense de Letras, Viriato Corrêa, foi um chamado “Cazuza”.

Houve um artista na década em que nasci que teve esse apelido, não sei se foi inspirado nas histórias de Viriato. Mas o Cazuza da década de 1980 criou uma célebre frase em uma de suas mais famosas canções: “o tempo não para”. Na mesma canção, o artista disse que via “o futuro repetir o passado” e via “um museu de grandes novidades”.

Várias interpretações podem ser feitas dessas sentenças. A que faço é a melhor possível: é preciso saber preservar o passado; saber de onde viemos; valorizar as tradições; a cultura;  a arte; e a história.

Dessa maneira, poderemos garantir que no futuro os mesmos erros não sejam repetidos, não sejam esquecidos ou apagados. Poderemos garantir que as coisas boas sejam aprimoradas e que o progresso cultural, científico, histórico e até político da nossa gente seja feito com base naquilo que foi vivenciado por nós verdadeiramente.

 

Felipe Costa Camarão

Membro da Academia Ludovicense de Letras

Sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão

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